Em 2 de março deste ano, o Portal 27 publicou denúncia sobre as condições precárias do Centro de Referência da Assistência Social (Cras) do bairro Santa Mônica, em Guarapari. Dias depois de publicada a denúncia, a então coordenadora do Cras, Susane Simões Gonçalves, foi transferida pela Setac, mas não aceitou o posicionamento da secretaria e pediu exoneração.

Um cômodo virou depósito de computadores e em outro há uma árvores de natal desmontada. Fotos: colaborador
Um cômodo virou depósito de computadores e em outro há uma árvores de natal desmontada. Fotos: colaborador

Inconformada com a situação, Susane entrou em contato com a reportagem do Portal 27 e deu a sua versão dos fatos. Ela disse que as denúncias publicadas são apenas parte dos problemas enfrentados diariamente pelos funcionários e usuários do Cras.

“Logo depois que saiu a reportagem do Portal 27 eles publicaram a minha transferência, como se eu fosse a responsável pelos problemas lá. Eu não aceitei a transferência e resolvi pedir exoneração. Eu não vou pagar uma conta que não é minha. Não vou ser bode expiatório de ninguém! ”, declarou.

Susane continuou: “é muito triste você ver que a cidade está preocupada com a mídia e não com o usuário. Eu estou esperançosa porque a mídia e a população está cobrando e espero que minha saída sirva de algo”, disse.

A ex-coordenadora do Cras, que é formada em Assistência Social, ficou quase um ano à frente do centro e disse que desde o início encontrou dificuldades para trabalhar.cras de santa monica

“Certo dia chegaram com dezenas de carteiras escolares novas e simplesmente depositaram um uma sala onde eram feitas as nossas refeições e reuniões com os grupos de famílias. Ficamos sem um lugar adequado para os trabalhos com os usuários e para o almoço. A área externa é muito grande e o mato cresce rápido. Para capinar precisávamos de ficar pedindo favor para a Codeg, que nem sempre podia nos ajudar. A última capina feita lá foi em dezembro do ano passado, depois disso, nada”, disse a ex-coordenadora do Cras.

E para finalizar ela apontou para mais um problema, que desta vez envolve verba federal. “Falta de tudo no Cras de santa Mônica com relação a material de consumo. Até copo descartável falta. Mas o dinheiro do Ministério é liberado, basta conferir no site que estará lá os valores e quando eles liberados”, contou.

De acordo com o site do Ministério do Desenvolvimento e Combate à Fome, em janeiro de 2016 foram repassados R$ 7.821.580,16.

Resposta da Setac 

Entramos em contato com a Secretaria de Trabalho, Assistência Social e Cidadania (Setac) para comentar sobre as declarações da ex-funcionárias. Em nota nos foi respondido:

No que se refere a transferência, a troca é um instrumento rotineiro na Administração com os servidores em Cargo em Comissão.A Servidora era Coordenadora de um serviço para resolver problemas e não para pedir para ninguém fazer o que é de competência dela.Lamentavelmente nem todas as indicações para Cargo em Comissão correspondem as expectativas e funções do cargo”.

Sobre a falta de materiais de consumo no centro, mesmo com o repasse federal constando no site, a Setac respondeu que:

“A ausência de alguns materiais se dá pela falta de planejamento da Coordenação em não prever a necessidade dos mesmos. Infelizmente pode-se observar o desconhecimento da legislação para aquisição de materiais por parte da Servidora, cumprimos e respeitamos os tramites legais da Lei 8666/93”.