Desde que o ano letivo teve início no Centro Municipal de Educação de Jovens e Adultos (CMEJA), localizado no bairro Santa Rosa, em Guarapari, os profissionais que atuaram ou ainda atuam na escola convivem com o medo. Somente neste ano, dois coordenadores já pediram remanejamento, professores estão afastados por atestado médico ocasionado pelo pânico, e nesta semana a diretora precisou ser afastada, após ser ameaçada de morte por um aluno.

Cmeja
Os funcionários que ainda trabalham na escola estão com medo.

Na segunda-feira, a diretora anunciou que precisaria chamar os pais do aluno, ainda menor de idade e já com inúmeras passagens pela polícia por homicídio e tráfico, para uma conversa, pela má conduta do estudante na escola. Revoltado com a situação, ele chegou a dizer que “se meu pai me bater por causa disso, eu vou te matar”, conta uma pessoa ouvida por nossa reportagem.

Após o pronunciamento do aluno, ele já foi apontando uma faca para a diretora, que conseguiu correr para o banheiro e se trancar com a secretária, que passou mal. “A secretária está grávida de nove meses e passou mal. Elas ficaram trancadas no banheiro até a polícia chegar”.

Com a chegada da polícia, o entrevistado conta, que o menino conseguiu pular o muro e fugir. Mas foi pego logo em seguida. Na delegacia, o menor desmentiu o caso e disse ter levado a faca para a escola no intuito de cortar uma jaca. Após ser ouvido, ele foi liberado e já voltou à escola nesta quarta-feira.

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Alunos usam droga nas salas de aula.

Além das ameaças, os funcionários sofrem com os casos de tráfico dentro da escola, que acaba trazendo insegurança para o local. “Muitos são usuários e alguns traficantes. Eles fumam até na nossa frente, e por medo, a gente não faz nada”.

A escola também conhecida entre os alunos, como Carandiru, recebe alunos sem destinação social. Nas salas de aula, muitos menores infratores e indivíduos com liberdade assistida, ficam entre os alunos mais velhos e outros mais novos que estão na instituição, com vontade de aprender.

Mãe reclama da falta de professores. A falta de professores na escola está complicando a vida dos alunos que desejam aprender, explica uma mãe que procurou o Portal27. Segundo ela, o filho que ainda é menor, vai para a escola todos os dias, e atualmente só está tendo aulas de matemática, português e ciência, porque não há professores de outras matérias. “O meu filho já está desestimulado. Ele não quer mais ir à escola, porque as aulas são as mesmas todos os dias. Esses alunos que possuem passagem pela polícia acabam causando pânico também para os alunos, que ficam com medo deles”.

A família relata ainda, que o adolescente já viu diversas vezes os alunos comprando droga na sala de aula, e saber que ele acompanha o tráfico, é revoltante. “Além das aulas não renderem, o meu filho ainda vê pessoas mexendo com drogas. Isso não pode acontecer”, desabafa a mãe.

Em nota, a Secretaria Municipal da Educação informou que houve a desistência de alguns profissionais (ciências e geografia), entretanto será suprido pelo Processo Seletivo Simplificado (EDITAL Nº. 005/2014). E o Centro Municipal de Educação de Jovens e Adultos está aberta à todos que buscam estudar, não realizando distinção social.

A unidade busca ainda, auxiliar na reinserção do indivíduo no convívio social, como nos casos de liberdade assistida. A secretaria informou também, que não há registro de ocorrência do uso ou comercialização de drogas dentro das dependências da escola.

E no final da tarde desta quarta-feira, os funcionários da escola, bem como os responsáveis que ainda atuam no local, se reuniram com a coordenadora da EJA e a secretária de educação, para discutirem sobre a situação.

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