Em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, 08 de março, a juíza Ângela Celestino; a delegada da mulher, Francini Moresch Bergamini; a empresária e instagrammer, Regina Bretas; a presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, Edineia da Conceição Oliveira; a psicóloga e membro do 1º Movimento Coletivo Feminista de Guarapari, Hélia Mara de Deus e a jornalista e coach, Paula Barcelos participaram de uma mesa redonda para debater “Os desafios da mulher”. O evento foi realizado nesta terça-feira (06), no Shopping Guarapari.   

A juíza Ângela Celestino afirmou que o Brasil ainda está muito atrasado em relação aos direitos da mulher. Segundo ela, até o dia 11 de janeiro de 2003, quando iniciou o novo Código Civil, por lei as mulheres ainda precisavam de autorização do marido para abrir uma empresa. Ela também ressaltou a importância do voto para garantir mais direitos as mulheres e revelou que o município não recebeu o Botão do Pânico, projeto que o Estado desenvolveu para combater a violência doméstica, porquê não tem guarda municipal. “O projeto foi copiado no Brasil inteiro. A ideia é capixaba. Será que em Guarapari as mulheres não são violentadas, não são vilipendiadas nos seus mais íntimos direitos ?”, criticou a juíza.

A juíza Ângela Celestino; a delegada da mulher, Francini Moresch Bergamini; a empresária e instagrammer, Regina Bretas; a presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, Edineia da Conceição Oliveira; a psicóloga e membro do 1º Movimento Coletivo Feminista de Guarapari, Hélia Mara de Deus e a jornalista e coach, Paula Barcelos participaram da mesa redonda . Foto: Rafaela Patrício

A delegada titular da Delegacia da Mulher, Francini Moresch Bergamini, lembrou que o Estado é o 10º mais violento do país e que a violência doméstica foi reduzida, mas ressaltou que ela deve ser combatida com reflexão e políticas públicas. Francini também ressaltou a importância da Lei Maria da Penha, criada há 22 anos.

“Essa legislação foi um grande avanço para as mulheres porquê a violência doméstica é silenciosa e muitas vezes não tem testemunhas. Antigamente a violência doméstica era considerada crime de menor potencial ofensivo. A mulher denunciava e o delegado fazia um termo circunstanciado para o agressor, os dois voltavam para casa e possivelmente ela voltava a ser agredida. Essa legislação mais rigorosa foi necessária porquê hoje quando a mulher denuncia, o agressor é preso em flagrante”, disse a delegada.

Preconceito. A presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, Edineia da Conceição Oliveira ressaltou que as mulheres negras enfrentam desafios maiores do que as brancas e como exemplo citou dados da publicação Saúde Brasil que mostram que as doenças cardiovasculares causam mais mortes entre as mulheres negras, que elas têm mais transtornos mentais devido ao preconceito que sofrem, são as maiores vítimas do HIV, tem menos acesso à educação e ocupam empregos com menor remuneração.

“Esses são dados que nos fazem refletir. A gente avança em alguns aspectos e percebe que estamos estagnados em outros. A violência contra as mulheres brancas diminuiu, mas contra as negras aumentou. Com isso a gente chega à conclusão que a questão racial é predominante para que outras violências aconteçam e a única maneira que a gente tem para mudar essa realidade é colocando no poder pessoas que tenham interesse em propor políticas públicas que de reparação desse racismo”, disse Edineia.

Machismo. A psicóloga, Hélia Mara de Deus ressaltou que o feminismo não quer desmerecer o homem, mas sim alcançar a igualdade de direitos entre homens e mulheres. Ela também lembrou que muitas vezes as próprias mulheres têm atitudes machistas em relação as outras e pediu para que elas aprendam a se colocar no lugar do outro antes de julgar. “O que a gente quer é a compreensão e a empatia entre nós mesmas para que a gente lute e se estabeleça como sujeitos de direitos que somos. Para que a gente tenha o empoderamento da mulher”.

Padrões de beleza. A empresária e instagrammer, Regina Bretas afirmou que as mulheres sofrem com os padrões de beleza impostos pela sociedade e que muitas vezes quando não atendem a esses padrões sofrem preconceito até mesmo dentro de casa. “Digo para todas as mulheres se amem como vocês são. Busquem o seu melhor todos os dias. Não para ninguém, mas para vocês. Sejam o que querem, a suas melhores expectativas. Temos que para com este olhar crítico. Nós somos contaminadas pela doença da perfeição”, aconselhou Regina.

Questões como violência doméstica, preconceito, machismo e padrões de beleza impostos as mulheres foram discutidos no evento. Foto: Rafaela Patrício

A mesa redonda foi finalizada com a participação da jornalista e coach, Paula Barcelos. Ela ressaltou a importância da participação da mulher na política e afirmou que marido e mulher devem dividir as tarefas domésticas. “Homem não ajuda a mulher em casa. Homem que é homem dividi tarefas com a mulher. Isso é igualdade. A gente só pode se libertar da escravidão daquele papel de mulher vítima da sociedade e do preconceito se a gente souber quem a gente é. Quando sabemos disso podemos fazer o que quisermos e escrevermos a nossa história”, disse Paula.

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