Depois de dar entrevista ao jornal A Tribuna, também reproduzida pelo Portal 27 (Reveja Aqui), dizendo que era contra o Transcol, o prefeito de Guarapari Orly Gomes (DEM), concedeu entrevista exclusiva a nossa equipe e mostrou que está disposto a comprar a briga com relação ao sistema de Transporte Público Estadual, que começa a operar em Guarapari no dia 28 de setembro. Confira abaixo a entrevista do prefeito.

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“Eu não sou contra o Transcol. O que eu acho que nós devemos fazer é um debate com a sociedade, uma discussão”. Foto Wilcler Lopes

Em entrevista o Jornal A Tribuna, o senhor dizia que a cidade não tem como receber o Transcol por falta de infraestrutura. O senhor é contra o Transcol na cidade de Guarapari?

Eu não sou contra o Transcol. O que eu acho que nós devemos fazer é um debate com a sociedade, uma discussão, fazer um planejamento, para que isso venha até a cidade, se for da vontade da sociedade de Guarapari, que isso seja implantado de uma maneira segura, de uma maneira estudada, planejada. Quando eu digo infraestrutura, eu não posso permitir que ônibus que venham carregados de passageiros, deixem os passageiros no meio do asfalto,  sem ponto de ônibus, sem abrigos, sem a mínima infraestrutura adequada, que vai me trazer problema no transporte coletivo interno, além do que, vai acelerar e vai me criar uma crise muito grande com o transporte clandestino, que vai aumentar mais essa demanda e vai trazer transporte clandestino para dentro da cidade.

Nós já estamos tendo dificuldades de combater o que existe hoje. E isso vai acelerar muito mais. Então, o Transcol pode ser muito bem vindo, desde que seja discutido, planejado,  estudado, juntamente com a sociedade e criado a infraestrutura ideal. O que nós não podemos permitir é que seja um ato, podemos dizer, eleitoreiro e Guarapari sendo o alvo. Essa é a nossa discordância.

O senhor acha que esse Transcol anunciado pelo governo do Estado é um projeto eleitoreiro?

Os panfletos que mostram, que saem, dizem que é um trabalho do vereador Serjão Magalhães, de Vitória. Dizem que é ele que está envolvido nesse processo. Eu não posso afirmar que seja um processo eleitoreiro, mas baseado nas informações que nós temos e você pode transcrever aí na sua reportagem, diz que é uma ação deste vereador. Então se é uma ação desse vereador junto com o governo do Estado, se torna uma ação eleitoreira.

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“Eu disse que sem antes conversar com a sociedade, sem antes ter o ok da sociedade de Guarapari, eu era contra”

O governo do Estado já comunicou a prefeitura sobre o projeto? O senhor como prefeito já recebeu essas  informações sobre o Transcol ?

Não. Oficialmente nada ainda. O que eu recebi foi a visita do presidente da “SETOP”, o presidente da CETURB, Léo, juntamente com o vereador Serjão, dizendo do interesse deles de trazer. E eu disse que sem antes conversar com a sociedade, sem antes ter o ok da sociedade de Guarapari, eu era contra. Porque nós tínhamos que primeiro debater isso com a sociedade.

Mas eles já estão anunciando para o dia 28 de setembro o início da operação da linha. Então o senhor então não tem conhecimento?

Não. Não tenho conhecimento. E como eu disse, saiu daqui acertado que nós iríamos preparar o debate com a sociedade, com as comunidades e primeiramente as envolvidas na situação, para depois nos estendermos para a cidade. Daí que quando eu fui surpreso, pelo anúncio, via jornal, de que seria implantado no dia 28. Eu volto a afirmar, esse Transcol,  ele vai trazer além dessa infraestrutura que não existe, com certeza nós vamos ter um grande aumento de delito na cidade. Por que nós vamos ter pessoas que vão sair da Serra, nós já temos nossos problemas criminais de nossos bairros. Mas um bandido da Serra vai vir parar dentro de Guarapari,  com dois reais e cinquenta centavos. Então nós precisamos pensar nessa situação.

Sua maior preocupação então com relação ao Transcol  é a questão da segurança pública?

Da segurança pública, da criminalidade em nossa cidade. Visto que o Transcol vai pegar várias situações de Vitória, vários bairros de Vitória e por dois e cinquenta, a pessoa vai estar dentro de nossa cidade. E a nossa cidade precisa ser preservada, por que representa o Estado do Espírito Santo  no Brasil.

As pessoas também questionam o seguinte: tem esse fato que algumas pessoas concordam, com relação ao aumento da criminalidade, mas tem também o fato inverso. Em que o morador, reside em Guarapari e trabalha na Serra, Vitória, Vila Velha, e também vai pagar dois e cinquenta para trabalhar. Como o senhor vê isso? Também não facilita a vida do trabalhador?

Facilita, mas nós temos de levar em conta o número de pessoas que fazem esse uso, em relação à sociedade de Guarapari. Em todas as situações tem dois pesos e duas medidas. Um problema desse tem que se levar em conta, o número de pessoas que são beneficiadas, mas o número de pessoas que podem sofrer consequência sobre isso. Então é esse debate, que vai dar esse equilíbrio, para saber se esse processo é um processo justo para ambos, sem esse debate não ficamos nessa dúvida.

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“Nós estamos estudando juridicamente com a nossa procuradoria, as ações que o município pode e deve ser tomadas”

O senhor pretende tomar alguma medida administrativa, judicial, com relação a essa questão do Transcol?

Nós estamos estudando juridicamente com a nossa procuradoria, as ações que o município pode e deve ser tomadas. Nós não decidimos ainda, mas nós estamos estudando a possibilidade sim. Existe essa possibilidade. Assim como eu acredito que as empresas envolvidas devem estar providenciando tomar alguma atitude.

Quando fala em empresas envolvidas, o senhor fala com relação à Alvorada e outras?

Também. Alvorada, Asatur, as próprias empresas da cidade de transporte coletivo. Acredito que elas também devem estar preocupadas. Principalmente a Alvorada.

Então existe possibilidade do município entrar com uma medida judicial para impedir o Transcol em Guarapari?

Eu tenho colocado o problema na mídia, para que a sociedade se manifeste. Ela precisa se manifestar, precisa sair para debater esse assunto e discutir. Daí o município pode ser parceiro e nós podemos ir sim para justiça, para suspender essa ação intempestiva, sem o devido planejamento. Por isso eu to dando ênfase nesse assunto na mídia, para que as pessoas tomem conhecimento dos fatos e reajam. Ou a favor ou contra. Porque aí o município tem um sinalizador, de que caminho seguir,  de que rumo seguir. Se entra com a contestação ou aceita. Se a sociedade entender que é benéfica para o município, nós não temos nada  o que fazer.

Algumas pessoas dizem que o senhor gostaria de Guarapari se desmembrasse da Grande Vitória e fizesse parte da região sul, isso tem sentido, o senhor falou isso?

Eu não disse nesse sentido. Eu disse que eu tenho dúvidas, devido à situação colocada de Guarapari perante a Grande Vitória, que lá nós somos o patinho feio e Guarapari em relação ao Sul, onde nós seríamos uma liderança. Não disse que tenho vontade de estar no sul ou estar lá. Eu disse que nós temos de debater isso também. Será um assunto que a sociedade de Guarapari também precisa discutir, debater Não adianta você estar fazendo parte nominalmente da Grande Vitória, sem usar em nenhum momento dessas benesses que a Grande Vitória poderia oferecer para Guarapari. Então para se fazer jus a esse posto, nós também tínhamos de estar inseridos em todas as benfeitorias, todos os investimentos que são feitos na Grande Vitória,  também ser destinados a Guarapari.

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“Eu tomarei medidas se a sociedade de Guarapari me sinalizar, de que ela que quer essa ação. De que ela não quer esse Transcol neste momento”

No começo da entrevista perguntei se o senhor era contra. O senhor explicou e falou que vai tomar algumas medidas. O senhor não teme ficar marcado como uma pessoa que é contra o sistema do Transcol?

Eu tomarei medidas se a sociedade de Guarapari me sinalizar, de que ela que quer essa ação. De que ela não quer esse Transcol neste momento, desta maneira, sendo implantado desta maneira intempestiva no nosso município. Agora se a sociedade sinalizar de que ele é bem vindo, então o município não tem nada a fazer.

Falando nisso, em 2011* no orçamento participativo do governo do Estado, o Transcol foi um dos mais votados. O senhor tem ciência disso? 

Não.  Eu não acompanhei essa votação, nós estávamos preocupados com a questão da terceira ponte e nós acenamos para esse caminho e não atentei para esse segundo, terceiro lugar e quarto lugar, que estivesse em pauta.  Nota da redação * Na verdade houve votação em 2012, mas não conseguiu votos suficientes para entrar no orçamento. Mas, no ano passado (2013), O Transcol foi novamente votado, sendo a mais votada na internet  e incluída no orçamento de 2014. 

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“Tudo isso nós vamos estar olhando. Juntamente com a sociedade”

Mas se não me engano, o Transcol em Guarapari, foi um dos primeiros itens, um dos mais votados. O senhor vai tomar essa pesquisa também por base, para o senhor averiguar?

Tudo isso nós vamos estar olhando. Juntamente com a sociedade, como eu digo sempre.  Sempre com participação das pessoas, das empresas e das entidades organizadas, porque elas que vão nos respaldar a ação que nós devemos tomar.

Existe algum projeto de projeto de fazer pesquisas e reuniões com a cidade?

Mais em termos de reuniões. Nós já tivemos conversando com algumas lideranças, para sabermos as opiniões, mas estaremos preparando mais audiências, conversas, para termos conhecimento do  caminho a seguir, do norte que a gente possa tomar com relação a isso.

Final. Ao final da entrevista o prefeito anunciou a nossa equipe, que uma linha municipal estaria liberada pela justiça para funcionar, fazendo o trajeto da cidade até a região do pedágio na Praia do Sol. “Lembrando que o Transcol já faz a linha até o pedágio. O que eles alegam é que não tinha uma linha municipal até o pedágio e do pedágio para Guarapari. Então nós já conseguimos na justiça a liberação desta linha e ela está funcionando. Está pronta para funcionar nos mesmos horários que os ônibus do Transcol chegaram ao pedágio”, disse.

Com a colaboração de Lívia Menezes

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