Nesta sexta-feira (21) é comemorado o Dia de Tiradentes, mas o que muita gente não sabe é que líder da Inconfidência Mineira é o patrono da polícia e por isso, nesta data também é celebrado o Dia das Polícias Civil e Militar. Para homenagear os policiais o Portal 27 vai contar histórias da Polícia Militar e da Polícia Civil. Na primeira delas, contamos a história do delegado Marcos Nery, que comenda a delegacia de Crimes contra o Patrimônio.

Aos 31 anos o delegado que nasceu em Belo Horizonte, Minas Gerais, vai completar 5 anos na Polícia Civil neste sábado (22). Ele contou que o avô que era investigador da Polícia Civil e o padrinho subtenente da Polícia Militar o inspiraram a ser policial. “Meu avô era investigador da polícia e meu padrinho subtenente, então sempre tive essa orientação de lutar por uma sociedade melhor”, explica.

O Portal 27 conta a história do delegado Marcos Nery da delegacia de Crimes contra o Patrimônio.

Ele também contou que começou a trabalhar cedo. “Para ajudar meu pai eu trabalho desde os 14 anos e fiz várias coisas. Fui auxiliar de sacolão, fiz panfletagem e cheguei a trabalhar temporário em lojas nas férias escolares e quando ingressei na faculdade fui contratado para trabalhar no Detran em Minas, que era auxiliar da Polícia Civil”.

Exército. Antes de ser delegado da Policia Civil, Marcos Nery serviu ao Exército durante cinco anos. “Aos 19 anos eu prestei concurso e já estava cursando direito, mas eu queria ter essa oportunidade de prestar as Forças Armadas e ingressei na Escola de Sargento das Armas. Em 2006 me formei terceiro sargento e fui para a 4ª Companhia de Polícia do Exército, em Belo Horizonte, onde fiquei até 2010 e consegui concluir minha faculdade de direito”.

De família humilde, ele se dedicou aos estudos para superar as dificuldades. “Eu gostava muito da carreira militar como terceiro sargento do Exército, mas o salário por ser muito pequeno impedia que eu ajudasse minha família então eu tive que estudar para alcançar voos maiores. Lógico que ser delegado era um sonho de infância e meu avô falava muito que eu deveria estudar. Fui o primeiro a me formar em curso superior em uma família de oito tios entre minha mãe e meu pai e vários netos e eu não era o mais velho deles. Então a gente sonha em dar uma condição melhor para a família”.

Delegado Marcos Nery sendo homenageado pela Câmara Municipal. Na foto o vereador Lennon Monjardim e o presidente da Câmara Wendel Lima.

ES. Depois de concluir a faculdade ele fez o concurso para delegado e veio para o Espírito Santo. “Fui aprovado no concurso para delegado aqui no Espírito Santo e em Minas e também para oficial da Polícia Militar de Minas Gerais. Mas eu preferi vir para cá porque acho o estado muito bom e muito bonito. Na minha opinião é um dos mais bonitos do país e não perde nada para o Rio de Janeiro nem nenhum outro estado. Tenho boas amizades aqui e gosto de trabalhar na profissão, sempre me imaginei na função de tentar lutar por uma sociedade melhor”.

“Devemos orientar o responsável, corrigir o irresponsável e neutralizar o incorrigível”

Para o delegado, a construção de uma sociedade melhor depende da educação. “A polícia não é capaz de resolver todas as mazelas da sociedade, o problema da criminalidade não é só da polícia. A principal causa da criminalidade é a falta de um sistema de educação de qualidade, de oportunidades iguais para todos. Acho que a polícia tem que ser uma das prioridades, mas a maior delas tem que ser a educação para formar pessoas melhores, voltadas para fazer o bem e que pensem no próximo. Tento através da minha função não só prender porque isso é até fácil de fazer porque com a força a gente consegue prender. Transformar aquela pessoa que comete um crime é a tarefa mais difícil. Tem uma lição da polícia do Exército que diz que devemos orientar o responsável, corrigir o irresponsável e neutralizar o incorrigível e eu levo isso para minha vida e quando não é possível a correção apenas com orientação a gente tem que neutralizar através da prisão”.

“Acho que quem tem que ficar preso é bandido e não a sociedade

MARCO NA CARREIRA. “A experiência mais importante foi quando houve a paralisação da Polícia Militar, porque a PM faz muita falta. Ela tem um trabalho muito importante para a sociedade e é a instituição que mais sofre. Ela é agredida de todos os lados, é cobrada do cidadão, do governo, dos promotores e juízes e pela gente da Polícia Civil. Quando ela paralisou as atividades os bandidos acharam que iriam dominar, que o Estado estava ausente. Nisso a gente viu as lojas fechando, vários órgãos parando de funcionar e diversas coisas pararam. Mas a gente não quis que o caos tomasse conta. Acho que quem tem que ficar preso é bandido e não a sociedade e aí a gente naqueles dias de ausência da ordem a gente atuou aqui em Guarapari muito bem, fizemos várias prisões”.

PLANO PARA O FUTURO. Gosto muito de trabalhar para a cidade. Um concurso que pretendo realizar, mas não é prioridade, é a magistratura militar. Acho que com a experiência que eu tenho poderia exercer a função de julgar crimes militares de forma imparcial. Acredito que exercer a profissão depois de ver como é a realidade fica mais fácil porque a pessoa consegue ver o outro e isso falta muito nas outras profissões. Algumas pessoas têm cargos de muita responsabilidade precisam saber como é a pessoa que ela está julgando ou o fato que ela está analisando porque muitas não viveram aquilo”.

Marcos Nery começou a carreira como terceiro sargento do Exército e pretende ser juiz militar.

O delegado relatou ainda algumas dificuldades da carreira de policial. “Hoje em dia no Brasil é muito difícil ser policial. Você sofre pressão da sociedade que te cobra, de organismos de direitos humanos que querem de toda a maneira denegrir o policial, de órgão de controle que por vezes nos veem muitas vezes com suspeita. A gente está na rua, sabe como aconteceram as coisas e depois é indagado e é levantado suspeita. Na verdade, você vai ter muita dificuldade e desconfiança o tempo inteiro. Não vai ser fácil prender alguém e manter preso porque o sistema hoje não contribui para isso. Mas diante de tudo isso para quem gosta e sonha em lutar por algo melhor a carreira policial pode ajudar muito”.

“Vale a pena ser policial sim. Digo que o maior orgulho que podemos ter na vida é chegar em casa e ver nossos familiares com orgulho da gente.”

Apesar de todas as dificuldades relatadas, ele incentiva as pessoas a serem policiais. “Vale a pena ser policial sim. Digo que o maior orgulho que podemos ter na vida é chegar em casa e ver nossos familiares com orgulho da gente. A gratidão às vezes vem das pessoas mais simples, que muitas vezes o Estado e as pessoas não conseguem enxergar. Essas pessoas que são menos amparadas quando você faz alguma coisa por elas você se sente feliz porque faz algo que elas recebem com o coração e não por obrigação”, finalizou.

Agradecimentos. O delegado entregou a nossa equipe uma carta onde relata todo seu agradecimento aos policias da sua equipe. “Ao mesmo tempo que encontrei o efetivo reduzidíssimo, falta de material, e de apoio, encontrei muito entusiasmo, pois são policiais atípicos, eles trabalham muito, praticamente 12 horas por dia, sempre atentos a qualquer chamado. Sabemos que o crime não descansa e não tem horário de trabalho. Assim, precisei apenas de apoiar a motivação deles, que é de acreditar em um país mais digno e mais seguro”, escreveu.

Em outra parte disse ainda que “A felicidade de conseguir ser policial vindo de família pobre, por ter fugido a regra. E por saber que ainda existem policiais que trabalham, ganhando pouco e com muitas críticas e demais insinuações e não apenas reclamam. Parabéns a nossa pequena, mas grande equipe de três policiais e uma escrivã”

 

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