Em tempos de uma crise institucional tão acentuada, onde a grande maioria dos políticos e a ampla maioria dos partidos estão direta ou indiretamente implicados em algum tipo de caso que causa desconfiança por parte da população, certamente também irá se acentuar um tipo de discurso que tente esconder o mal que há em si ou sem seu grupo e evidenciar os problemas dos outros. A velha prática de jogar a culpa nos outros, de evidenciar o mal feito alheio para esconder o próprio.
“O discurso não é simplesmente aquilo que traduz as lutas ou os sistemas de dominação, mas aquilo porque, pelo que se luta, o poder do qual nos queremos apoderar.”.
Michel Foucault
Eu me lembro de quando era criança, sempre fazia alguma coisa errada, pequenas travessuras infantis, e quando chegava a hora da bronca, algumas vezes tentava argumentar dizendo “mas fulano também fez” e minha mãe sempre respondia “mas eu não sou a mãe do fulano” e eu não conseguia me livrar da bronca. Penso que os eleitores deveriam adotar a mesma postura. O problema é tal, mas foi gerado na administração do fulano, mas foi o fulano que assinou, mas foi o beltrano que não se esforçou para resolver. Vamos falar aqui sobre os seus mal feitos e deixe que falemos com o outro sobre os dele.
Mas o que fazer? Esse deveria ser o pleito das assembleias, das reuniões, da construção coletiva dos planos de governo. Deveríamos dar amplo destaque a promoção de sabatinas e debates públicos. E ter muito cuidado com quem se preocupa demais com o erro alheio e que não sabe reconhecer nos outros nenhum tipo de qualidade, esses dificilmente saberão ser fraternos, imaginam que somente eles próprios tem as qualidades necessárias para atender aos próprios interesses e jamais se preocupam com a coletividade.
Por Lucas Francisco Neto – Advogado.
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