Em entrevista exclusiva ao Portal 27, na última quarta-feira (03), o vereador Marcos Grijó (PDT) fez severas acusações à atual administração municipal. Dentre as pautas debatidas, encontram-se a gestão durante a pandemia, o orçamento municipal para 2020, o “puxadinho” do UPA, a estrada que liga a Avenida Paris à BR 101, o hospital que não foi entregue e o famoso “prédio podre” na Praia do Morro.

vereador Marcos Grijó (PDT)

Confira os principais pontos da conversa do nosso redator Wilcler Carvalho Lopes com o vereador Marcos Grijó.

Coronavírus. Quando questionado sobre as novas determinações da Prefeitura no combate ao coronavírus, o vereador afirma ser um tema delicado, mas critica a administração pública por falta de planejamento e falta de diálogo com a Câmara Municipal, com a imprensa e com a sociedade. Grijó afirma integrar a comissão de saúde e nunca ter sido convidado para discutir a questão. “Isso é muito ruim para o processo democrático e para as pessoas que precisam de informação e um maior cuidado e carinho nesse momento”, afirmou.

Orçamento. Com relação à discussão sobre o orçamento, o vereador deixou muito claro que houve aprovação dos 519 milhões de reais solicitados, com 30% de suplementação e nove emendas, mas todas as emendas foram vetadas pelo prefeito Edson Magalhães. A Câmara  pediu explicações. “O prefeito encaminhou para a câmara no ano passado o orçamento, foram feitas algumas emendas e o prefeito vetou todas e a pauta voltou para a Câmara apreciar os vetos”.

Economia. Segundo Grijó, foi solicitado um parecer do município justificando o motivo de um aumento de 120 milhões no orçamento, uma vez que em 2019, o valor foi de 394 milhões e em 2020 de 519 milhões. “Qual é o crescimento econômico que demonstra dentro da peça orçamentária um crescimento de 120 milhões, quais foram as empresas grandes que se instalaram nesse município? ”, afirmou o vereador garantindo que a resposta não chegou até hoje, três meses depois da solicitação.

Pedaladas fiscais. Grijó acusou Edson de pedalada fiscal, uma vez que não houve resposta sobre o motivo do crescimento da peça orçamentária e não houve aprovação das emendas que confeririam melhorias para a sociedade. “Tudo o que está no orçamento foi aprovado, o que não foi aprovado foram as emendas (…). Isso é uma grande pedalada fiscal. Tentou-se fazer uma pedalada fiscal, no momento que ele vetou as emendas, voltou para a câmara apreciar os vetos (…). As pessoas vão perguntar: por que a obra não chegou no seu bairro (…). Não vamos aceitar pedalada fiscal, isso é golpe, isso é cadeia”, afirmou o vereador.

Cheque em branco. Marcos Grijó também fez duras críticas ao prefeito com relação ao uso dos recursos públicos. Segundo ele, a suplementação de 30% foi aprovada e não se pode admitir que a administração tenha um “cheque em branco” para usar como bem entender. “Não podemos admitir que uma administração use um cheque em branco que a própria câmara dê, porque depois você não tem capacidade de fiscalizar, ainda mais ele que não gosta de prestar informações, que não gosta de participação popular, que não é uma pessoa democrática, tanto é que todos sabem que a administração do prefeito Edson Magalhães é a mais difícil de diálogo, sempre foi”, afirmou Grijó.

Extensão da UPA. O vereador ainda falou sobre a área improvisada na UPA para atendimento aos casos de COVID-19. “Sobre as tendas no estacionamento, o gestor público gosta de cuidar das coisas, não gosta de cuidar das pessoas, ele não tem carinho e não tem respeito pelas pessoas. Aquilo ali não é algo digno para que você possa dar às pessoas no momento de fragilidade que elas estão”, afirmou Grijó chamando atenção para quem pode estar lucrando com a constituição desse espaço e a instalação das tendas: “Quem é o empresário que está botando aquilo (…). Essa administração tem a característica de ajudar os amigos”, declarou.

Tem verbas. O vereador ressaltou que a administração tem verba para investir, mas não gasta o dinheiro de forma adequada. “Essa administração tem dinheiro, na saúde para 2019 foi 59 milhões, para 2020 80 milhões, (…) a educação teve em 2019 113 milhões, em 2020 tem 157 milhões. Qual foi a pedra fundamental de 2017? Nenhuma escola, nenhuma unidade de saúde (…). Não vejo para onde estão indo esses recursos”.

Extensão da Paris. Sobre a obra que liga a Avenida Paris à BR 101, o vereador ressaltou que são mais de 4 km de estrada com iluminação pública em lugar ermo, onde não existem casas, nem comércios, entretanto, a estrada, segundo Grijó, tem boa parte dentro da propriedade de uma doadora de campanha do prefeito. “30 a 40% da obra tem fator social, (…) mas 60% da obra está dentro da propriedade de uma doadora de campanha do prefeito Edson Magalhães, (…) isso vai virar especulação imobiliária para depois virar condomínio”, afirmou ressaltando que o gestor deve respeitar o dinheiro público e que não vê isso na atual administração.

Região rural. O vereador falou da falta de investimento na região rural de Guarapari, afirmou que nenhuma ponte foi construída nessa gestão, as estradas não têm manutenção e mais, criticou a junção da Secretaria de Agricultura com a Secretaria de Meio Ambiente, uma vez que a função de ambas é totalmente diferente.

Transporte. Segundo Grijó, uma mãe da comunidade de Jacarandá luta para levar sua filha paraplégica pela ponte que se encontra sem manutenção e intransitável por veículos até o transporte escolar. “A mãe anda dois quilômetros com o carrinho de mão até onde passa o transporte escolar, que não vai até a casa da família por causa da ponte. Segundo Grijó, ele mesmo foi até a secretaria de Assistência Social para tentar conseguir uma cadeira de rodas para a menina, mas a secretária informou que não é função daquela secretaria.

“A secretária disse que não conhecia a comunidade de Jacarandá e que cadeira de rodas não é obrigação da secretaria de Assistência Social. Perguntei qual a função, uma vez que ela tem 17 milhões de reais para investir. Isso tem três meses e ela continua não conhecendo a comunidade”, afirmou.

Hospital. Grijó falou ainda do hospital que não tem condições de ficar pronto, que o prefeito não queria nem mesmo que a maternidade viesse para Guarapari, o que aconteceu quando ele era deputado. “Quando era deputado, Edson foi contra a maternidade, rompeu com o prefeito Orly e hoje está falando em saúde, Orly deu dignidade aos pais e mães. (…) Não é nessa gestão que ele vai entregar um hospital. Quem não quer construir uma unidade de saúde, vai entregar um hospital”, afirmou.

Prédio “podre”. O vereador denunciou também o mau investimento no que por eles é chamado de “prédio podre”, um prédio adquirido pela atual administração que estava há 20 anos parado. A soma investida no valor do imóvel, no reforço e na licitação para a reforma ultrapassa 8 milhões, segundo o vereador. “Nossa preocupação não são nem os 8 milhões, é com a vida, foi um prédio residencial que vai se transformar em um comercial, o peso muda quando há uma circulação maior de pessoas (…). É um prédio que daqui há dez ou 20 anos pode desabar”, afirmou.

“Ele está prejudicando a cidade de crescer e se desenvolver. (…) Ele amarra a gestão da administração pública”, afirmou Grijó se referindo aos investimentos não feitos em turismo, agronegócio e no bairro Meaípe, e ainda, às promessas não cumpridas pelo Prefeito Edson Magalhães.

Buenos Aires. Sobre a região de Buenos Aires que seria transformada em uma “Nova Buenos Aires” por Edson, Grijó afirma que aquilo seria um crime. “É um crime o que ele tentou fazer com a comunidade de Buenos Aires, ele é criminoso esse prefeito, não respeitou as raízes, ele não respeitou a história, ele não respeitou as pessoas que desbravaram aquilo lá no enxadão, ele não sabe o que é isso, vem lá de Alegre dar “peruada” em Guarapari e as pessoas aceitam e eles acharam que em Buenos Aires eles iam aceitar”, afirmou.

Finalizando a entrevista, Grijó ressaltou a verba que deixou de ser investida no interior, relembrou a falta de investimento na saúde e denunciou que o Prefeito enfeita as obras não com o dinheiro dele, mas com o dinheiro do contribuinte. “Ele enfeita as obras com o seu dinheiro. Ele não dá prioridade ao que as pessoas precisam”, finalizou.