O resgate histórico local tem três consequências diretas: proporciona o auto-reconhecimento, fortalece a identidade da comunidade e nos dá acesso à curiosidades que envolveram nossos antepassados e à nós mesmos.

Na semana passada foi tema de alguns canais de comunicação as gírias locais de alguns municípios capixabas. Dentre eles foram mencionados os municípios de Piúma e de Guarapari. Tais reportagens colaboram para despertar em muitos o sentimento de pertencimento ao grupo social, o que acaba impactando favoravelmente para o desenvolvimento da comunidade, tanto em seu aspecto econômico, pois estimula os indivíduos a investirem em sua terra, quanto no aspecto social, integrando a comunidade ainda mais.

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Nota-se que o tema “identidade” é o “papo do momento”. Ao contrário do que parece, a identidade tornou-se centro de muitas conversas por estar ameaçada. Nos afirma o sociólogo Zygmunt Bauman que:

[…] você só tende a perceber as coisas e colocá-las no foco do seu olhar perscrutador e de sua contemplação quando elas se desvanecem, fracassam, começam a se comportar estranhamente ou o decepcionam de alguma forma.

A identidade dos grupos sociais parecem estar imersa nessa situação apontada por Bauman. As ameaças de homogeneidade provocada pelo processo de globalização que nos impõe uma cultura única, à urbana euro-americana, tem, paralelamente, nos levado a buscar meios para resgatar nossas raízes, muitas das quais parecem já estar descoladas no presente.

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Em Piúma, por exemplo, fundou-se o Instituto Histórico e Geográfico de Piúma/IHGP, o qual tem por objetivo resgatar a História local (além de estudos voltados à Geografia e ao Meio Ambiente), fortalecendo a identidade piumense tão ameaçada pelo “globalismo cultural” e pela imigração populacional que marca toda a região vizinha aos grandes empreendimentos industriais do litoral sul do Espírito Santo. Frente a fragilidade e a condição eternamente provisória da identidade, o desafio é grande e, ao mesmo tempo, gratificante e repleto de curiosidades que envolveram nossos antepassados ou a nós mesmos.

Em tempos modernos, a identidade de um povo, de uma comunidade e/ou de um grupo, parece ser um “porto” em meio ao “mar de mudanças” e, consequentemente, de desconhecimento e incertezas. Resgatar a cultura local parece ser construir um “porto seguro” para tantos “navios à deriva”, levados pelos “ventos e marés” da globalização.

Por Cristiano Bodart

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