O Portal 27 vem recebendo reclamações dos leitores a respeito do protocolo de cuidados com os moradores com suspeita de coronavírus. Segundo nossos leitores, que se dirigem à Unidade de Pronto Atendimento (UPA), com sintomas da Covid-19, não são feitos testes da doença.

De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, Guarapari possui 92 casos confirmados, 5 óbitos e 44 curados do coronavírus, até o momento.

(foto meramente ilustrativa)

Após a redação do Portal 27 publicar uma matéria sobre Guarapari possuir mais curados do que contaminados, um leitor entrou em contato afirmando que o problema, na Cidade Saúde, é a chamada subnotificação. Isso ocorre quando os números de casos apresentados são inferiores à realidade. Essa diferença entre os registros e a realidade teria uma causa básica: a falta de testes.

(foto meramente ilustrativa)

A leitora Renata da Conceição, de 36 anos, fez reclamações sobre a Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Ela, que é residente do bairro Santa Margarida, sentiu muita dor de cabeça, dor nas costas, além de febre, cansaço e tosse. “Fui na UPA no domingo (10) e a doutora que estava lá falou que estou com princípio de coronavírus”, conta Renata, que na ocasião recebeu receita médica dos remédios sonridor, amoxilina+clavulanato de potássio e acetilcisteína. “Ela mandou que eu voltasse na quarta-feira (13), mas quando voltei, já eram outros médicos. Um deles disse que faria o teste para Covid-19, a outra não deixou”, explica ela.

Na quinta-feira (14), Renata retornou à UPA por não estar se sentindo bem. “Falaram que não iriam fazer o teste porque não tenho mais de 40 anos, pressão alta, diabetes ou problemas respiratórios”, afirmou a moradora do bairro Santa Margarida. “Vão esperar eu ficar pior para tomar providência”, desabafa.

Renata contou à redação do Portal 27 que os funcionários de saúde da UPA só fizeram exames protocolares nela na primeira visita à unidade, no dia 10. Nas outras duas idas, ela afirma que “nem um raio x foi feito”.

(foto meramente ilustrativa)

Fontes ligadas ao Portal 27 declaram que a Prefeitura de Guarapari não disponibilizou o teste sorológico, que seria o mais confiável, nem para os funcionários da saúde. Segundo a fonte, até a veste de paramentação foi comprada pelos profissionais com o próprio dinheiro deles.

Um leitor, que não quis se identificar, afirma que o protocolo adotado na cidade de Guarapari é falho. “Recebi a informação de médicos e enfermeiros da cidade que aqui somente é realizado o teste rápido em sintomáticos. De acordo com eles, o teste rápido não é a partir do sangue, mas sim com o swab nasofaríngeo. Segundo os profissionais de saúde, o teste é péssimo e não é confiável.”

Testes. A Secretaria Municipal de Saúde esclareceu ao Portal 27 que só é feita a coleta para exames através das normas determinadas pela Secretaria Estadual de Saúde. O teste feito nas Unidades de Pronto Atendimento, segundo a Semsa, é o RT-PCR.

EPI. A Prefeitura Municipal de Guarapari informou à redação que disponibiliza diariamente “todos os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) necessários aos trabalhadores, em concordância com a Nota Técnica da ANVISA Nº 004/2020”.

Critérios para teste. De acordo com a Prefeitura, que afirmou ter feito testes rápidos em todos os profissionais da saúde, só é feito o teste no paciente que se enquadrar nos seguintes critérios:

  • Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG);
  • Casos suspeitos, com OU sem febre, nestas categorias:
    • Hospitalizados;
    • Trabalhadores da Saúde;
    • Profissionais das forças de segurança;
    • Pessoas acima de 60 anos, portadores de comorbidades;
    • Idosos em instituições de longa permanência.
  • Casos suspeitos COM febre aferida, nestas categorias:
    • Pessoas entre 45 e 59 anos, portadores das comorbidades (diabéticos, doenças cardiovasculares, doenças pulmonares pré-existentes, doença cerebrovascular, doenças hematológicas, imunossupressão, câncer, uso de corticoides ou imunossupressores, pacientes com tuberculose, menores de 19 anos com uso prolongado de AAS, nefropatias;
    • Grávidas em qualquer idade gestacional, puérperas até duas semanas após o parto (incluindo as que tiveram aborto ou perda fetal);
    • População indígena aldeada;
    • Privados de liberdade.

A Prefeitura ainda alega que “a paciente que relata não ter sido coletada, apesar de ter alguns dos sintomas, não se enquadrava nos critérios acima descritos.