O caso da adolescente de 16 anos que foi vítima de estupro coletivo no Rio de Janeiro na semana passada levantou debates sobre vários temas relacionados ao abuso sexual e mais precisamente sobre a cultura do estupro, muito em voga ainda hoje entre o povo brasileiro.

SAMSUNG CAMERA PICTURES
“As vítimas são na maioria das vezes crianças e adolescentes”, diz a delegada. Foto: João Tomazelli/ Portal27

A maioria dos casos de estupros registrados em Guarapari nos últimos anos aconteceram dentro da casa das próprias vítimas. “Os casos comuns em Guarapari são os estupros de vulneráveis envolvendo crianças e adolescente onde a vítima é molestada por algum familiar: padrasto, tio, pai, avô… pessoas que possuem um laço de afetividade com a vítima”, explicou a titular da Delegacia da Mulher em Guarapari, Francine Moreschi Bergamini.

De primeiro de Janeiro deste ano até hoje, a delegacia já registrou 19 casos de estupro. Todos eles envolvendo crianças ou adolescentes como vítimas e parentes ou conhecidos da família como perpetradores. Há quatro anos à frente da Delegacia da Mulher, Francine diz que o município mantém uma média de cerca de 40 casos de estupros por ano, que dá uma taxa de um estupro a cada nove dias, taxa que se mantém estável, nem aumentando e nem diminuindo nos últimos anos.

Ainda de acordo com a delegada, os casos de estupradores em série (já acontecerem em Guarapari) ou de casos isolados onde o estuprador não tem relação de parentesco com a vítima são raros, apesar de acontecerem. Este ano nenhum caos deste tipo foi registrado.

SAMSUNG CAMERA PICTURES
A presidente do Conselho Municipal da Mulher explica que o estuprador é responsável pelo crime. Foto: João Tomazelli/ Portal27

Para Cândida Magalhães, presidente do Conselho Municipal da Mulher, a cultura do brasileiro em achar justificativas para o estupro, buscando na vítima motivos para o crime, é o maior problema.

“Até mesmo as vítimas, muitas vezes, buscam justificativas para o crime. Por exemplo, já teve casos de acontecer de a vítima ficar buscando justificativas para o estuprador. Precisamos responsabilizar o estuprador e só ele pelo crime. Esta é a cultura do estupro que muito tem se falado ultimamente”, disse Cândida.

Pais e professores devem ficar atentos

A titular da Delegacia da Mulher, delegada Francine Moreschi Bergamini, alerta para que pais e professores fiquem atentos às mudanças repentinas no comportamento de crianças e adolescentes.

“Um adolescente que está sendo vítima de abuso sexual passa a ficar mais retraído, fica deprimido, rendimento escolar cai. No caso das meninas, elas evitam aproximação com o sexo oposto. Sempre prestar atenção no comportamento da criança e do adolescente”, finalizou.