O motoboy de Guarapari João Pedro Lisboa, 21 anos, conta que estava se deslocando para fazer uma entrega quando foi abordado por dois policiais que segundo ele, pediram seu documento e furaram os pneus da moto. O caso foi denunciado na corregedoria da Polícia Militar.

João Pedro trabalha fazendo entregas para uma loja de açaí, localizada no bairro Santa Mônica. Tudo aconteceu no dia 4 de agosto, era uma terça-feira.

“Era por volta de umas dez e meia. Coloquei a entrega na mochila. Estava na Avenida Colorado, sentido rua Espírito Santo. Apareceu uma viatura já falando que eu tinha avançado o sinal, sendo nessa avenida, onde eu estava, não existe sinal. Eles já foram pedindo o documento da minha moto, entreguei o documento. Um dos policiais foi pegar um canivete, furou os dois pneus e falou assim, ‘você dá a sorte ainda de nós não te darmos um pau’. E ele (o militar) pegou meu documento e foi embora”, disse João.

O motoboy lembra que ligou para a família contando o que havia acontecido e foi empurrando a moto até a loja de açaí que fica próxima a essa rua. Enquanto João Pedro ligava para a polícia para relatar os fatos, segundo ele, a viatura passou pela rua e a mãe do dono da loja chamou os policiais. João Pedro conta que logo reconheceu os policiais.

“Eles voltaram, eu estava na ligação. A policial que estava na ligação, falou para eu não discutir com eles que ela estava mandando outra viatura. A outra viatura chegou. Eu declarei minha parte e quando chegou a vez deles falarem, disseram que nunca nem tinham me visto e que eu estava acusando eles de terem feito isso comigo, sendo que eu tenho o vídeo deles falando que ainda saiu barato pra mim”, afirmou o motoboy, referindo a um vídeo feito por uma das pessoas que presenciou a discussão em frente à loja de açaí.

O irmão de João Pedro cobra justiça. “Um caso absurdo. Um caso grave como o do meu irmão não pode passar batido, ele estava fazendo bico pois está desempregado, agora está sem moto pra trabalhar pois teve o documento tomado pelos policiais e eles rasgaram os dois pneus, não tem conserto, só pneus novos”, afirmou informando que a família levará o caso para a corregedoria.

Enquanto João Pedro ligava para a polícia para relatar os fatos, segundo ele, a viatura passou pela rua e a mãe do dono da loja chamou os policiais. João Pedro conta que logo reconheceu os policiais

Investigação. O Portal27 entrou em contato com a Polícia Militar de Guarapari através de sua assessoria, e questionou sobre as investigações. Veja:

Portal27 – Como está o andamento do processo?

A Polícia Militar informou que os processos administrativos disciplinares tramitam de acordo com os prazos estabelecidos em Decreto Estadual, que regulamenta os ritos.

Portal27 – Como se dá a investigação de casos como esse?

As apurações transcorrem de forma imparcial, justa e com ampla defesa ao contraditório, com análise de provas e oitivas de testemunhas, tudo conforme os ditames de um Estado democrático de direito.

A instituição não se manifesta sobre processos em andamento.

Portal27 – Qual assistência está sendo prestada à vítima?

O caso em questão merece total atenção às provas apresentadas, mas não prevê assistência pecuniária à parte que acusa, que só poderá ser considerada como vítima caso sejam confirmadas as denúncias.

Qualquer pleito de caráter ressarcitório deve ser dirigido à vara judicial competente, diversa à esfera administrativa.

Portal27 – Se declarados culpados, o que pode acontecer aos policiais?

As consequências decorrentes da culpabilidade do Militar Estadual, na prática de transgressão disciplinar e/ou crime militar, vão desde a advertência à exclusão a bem da disciplina, podendo, em caso de crime, sofrer as sanções previstas na tipificação do delito.