A distribuição de remédios pela prefeitura é um serviço gratuito que visa atender a parcela mais carente da sociedade, que não tem condições de pagar pelo medicamento. Apenas quem se consulta pelo Sistema Único de Saúde (SUS) pode retirar os remédios nos postos de saúde. Mas e quando o paciente não encontra nas farmácias do município aqueles remédios que o próprio médico do município prescreveu? O que fazer?

O paciente pode tentar adquirir remédios de baixo custo em farmácias com este placa. Foto: João Thomazelli/Portal 27
O paciente pode tentar adquirir remédios de baixo custo em farmácias com este placa. Foto: João Thomazelli/Portal 27

Essa pergunta é feita diariamente por aqueles que saem frustrados das farmácias da prefeitura, pois não encontram lá os remédios que precisam. No começo da tarde de ontem (28) a reportagem do Portal 27 foi ao Centro Municipal de Saúde, que fica em Muquiçaba, e à farmácia que do Posto de Saúde Roberto Calmon, no Centro e constatou a falta de diversos medicamentos de uso contínuo e conversou com algumas pessoas que saíram de lá sem saber ao certo a quem recorrer para que um direito deles seja garantido.

“Eu me sito abandonada. Há dois meses que eu só consigo dois remédios da lista que eu preciso tomar. Na farmácia eles só falam que não tem e que não tem previsão para chegar. Já é difícil marcar uma consulta com um médico pela prefeitura. Depois de esperar muito, o médico atende e passa os remédios que preciso tomar, mas quando chego na farmácia não tem. Alguns remédios que são mais baratos eu compro, mas a maioria é cara e não tenho condições de comprar… aí o jeito e ficar sem mesmo”, lamenta a dona de casa Joventina Benedito, 78 anos, que precisa de remédios para pressão alta, diabetes e colesterol.

Sueli foi em busca de três remédios, mas só conseguiu um. Foto: João Thomazelli/Portal 27
Sueli foi em busca de três remédios, mas só conseguiu um. Foto: João Thomazelli/Portal 27

E o caso dela não é único. A dona de casa Sueli Barbosa dos Santos, 58, foi até o Centro Municipal de Especialidades em busca de três tipos de medicação e saiu de lá apenas com um. “É muito difícil, pois agora vou ter que comprar os outros ou ficar sem tomar. na minha casa sou eu e meu marido e apenas ele é aposentado, então é uma despesa a mais que vamos ter”, lamenta.

Mas não são apenas remédios de uso contínuo que estão em falta nas farmácias da prefeitura. O mecânico industrial Alexandre Gomes Schneider, 43 anos, está desempregado e foi até a farmácia do Posto de Saúde Roberto Calmon tentar conseguir amoxicilina (antibiótico) e dipirona (analgésico) para o filho de cinco anos e saiu de lá com as mãos vazias.

Alexandre foi em busca de analgésico e antibiótico para o filho, mas saiu de mãos vazias. Foto: João Thomazelli/Portal 27
Alexandre foi em busca de analgésico e antibiótico para o filho, mas saiu de mãos vazias. Foto: João Thomazelli/Portal 27

“A sensação que dá é que não estamos sendo assistidos pelo Estado. é um descaso total com o cidadão. como pai me sinto frustrado com isso”, desabafa.

E os casos não para por aí. A atendente Rosilene Mendes da Silva, 38 anos, também foi em busca de remédios para ela, mas saiu de mãos vazias. “Fui na Upa e o médico me receitou dois remédios. Um deles tem que ser comprado, mas o outro deveria ter aqui no posto, mas não tem. Fico indignada com isso, é um absurdo. toda vez que você precisa da prefeitura você fica na mão”, diz irritada.

Todos os relatos usados nesta reportagem foram colhidos em menos de vinte minutos na frente das duas farmácias mais movimentadas do município. A todo momento os pacientes entravam e saiam sem conseguir todos os remédios de que precisam.

Secretaria Municipal de Saúde

O secretário de saúde de Guarapari, Otávio Postay, concedeu entrevista ao Portal 27 na tarde desta quinta-feira (27) e explicou os motivos para a falta de medicação nas farmácias da prefeitura.

OtávioPostay
“Alguns repasses de recursos da União estão chegando com cinco, seis meses de atraso”, explicou o Secretário.

De acordo com Otávio, vários medicamentos de baixo custo estão em falta por causa de negociações com os fornecedores. “Além disso, o custeio de medicamentos é tripartícipe. Ele compete ao município, Estado e União. Alguns repasses de recursos da União estão chegando com cinco, seis meses de atraso. Para ser ter uma ideia, recebemos no mês de outubro o repasse do mês de maio”, explicou.

Postay disse ainda que na última segunda-feira (24) a prefeitura fez um pedido onde constam vários medicamentos que estão faltando. A previsão de entrega é para dez dias após o pedido. O secretário disse ainda que vários remédios de baixo custo podem ser adquiridos pelos pacientes em farmácias particulares que tenham convênio com o programa Fármácia Popular do Ministério da Saúde.

nestas farmácias, o paciente pode aquirir remédios para Hipertensão, diabetes, asma e colesterol a preços bem baixos. Para se ter uma ideia, uma caixa de Atenolol (Hipertensão) pode ser adquuirido de graça, enquanto a de AAS pode ser comprado por R$ 0,04. Basta o paciente levar a receita e o cpf.

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